terça-feira, 17 de agosto de 2010

Últimas do cine

O BEM AMADO
Quem não se lembra da fabulosa novela de Dias Gomes, "O Bem Amado"?. Ela foi ao ar na Rede Globo de janeiro a outubro de 1973, sendo uma das obras-primas do autor, dentre outras telenovelas como "Roque Santeiro" (1985) e minisséries, como "Dona Flor e seus Dois Maridos" (1998). Nas salas de projeção, agora em 2010, podemos ver uma proveitosa adaptação da trama para o cinema. A experiência é positiva, visto que a história da cidade fictícia Sucupira, que não tinha nem um cemitério e o renascer de seus personagens jocosos - Odorico Paraguaçu (político corrupto), as Irmãs Cajazeiras e Dirceu Borboleta não perderam o magnetismo perante ao público. Isso é realismo fantástico de Guel Arraes.

A FLOR DO DESERTO
A vida da ex-modelo somali Waris Dirie, circuncidada quando criança e em sua mocidade "fugidia" para Londres nos faz refletir não apenas a feminilidade que existe em qualquer mulher, sem classificar etnia ou cor. Nos faz pensar também sobre o filme de Sherry Horman, que apesar de técnica e roteiro não muito depurados, de forma inquietante, faz o espectador problematizar a situação deste contingente de mulheres africanas que sofrem com a circuncisão feminina. É impossível não associar a biografia de sofrimento de Waris à condenação por adultério imposta a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, viúva prestes a ser apedrejada até a morte.

sábado, 7 de agosto de 2010

Favela Mundi


Muitos são os filmes com temas ligados às comunidades cariocas que se revelaram verdadeiras obras-primas do cinema nacional. Dentre as produções que dão gosto de ver estão: a autêntica Cidade de Deus, a trama recheada de adrenalina Tropa de Elite - estas na esfera da ficção- e na face documental do cinema brasileiro, podemos citar "o tiro no estômago" que é "Ônibus 174",o premiado "Notícias de uma Guerra Particular", dentre outros.
O momento parece ser de "400 Contra 1", a história da origem do Comando Vermelho. Bom, o filme de Caco Souza, está sendo noticiado como aquele que está na crista da onda, mas o que pude observar na sessão em que o assisti, foram saídas sorrateiras de espectadores insatisfeitos.
Eu consegui ficar até o final, até porque como boa entusiasta do cinema feito aqui no Brasil, esperava um desfecho que valesse a pena. Tenho que admitir que me rendi àqueles que se comportaram como "cachorros-magros",evaporando à francesa.
O que posso dizer é que, "400 Contra 1" é um legítimo representante do estigma do Favela Mundi que as nossas telas mostram. Tem em sua composição bastante ação, tiros, sangue, violência, sem contar os deploráveis palavrões que parecem ser entranhados já nessa cultura cinematográfica. O roteiro foi construído de uma forma confusa, com flash-blacks cansativos e atuações fracas. E, por fim, o filme acaba sendo polêmico, por muito terem a opinião de que esse tipo de obra "glamouriza" a criminalidade existente no Brasil.
Mesmo com todos estes pormenores, não aconselho a vocês a não verem o título - apenas com esses apontamentos pretendo enriquecer a leitura de quem se propor a este momento de lazer: prestigiar o nosso cinema é sempre bom.