terça-feira, 9 de novembro de 2010

Do Pop ao Conceitual


Sessão de "Tropa de Elite",José Padilha, às 14hs de um sábado, ingresso comprado pela internet, sala lotada. Ao final do filme, aplausos, rostos rebatidos pelo absurdo.
Sessão de "A Suprema Felicidade", Arnaldo Jabor, às 18hs, deu tempo de comprar o ingresso na hora, sala lotada. Pessoas satisfeitas com o que viram e outras, dizendo:"Eu não entendi algumas partes".
A saga do Capitão Nascimento (Wagner Moura), na continuação de sua história vista na obra de Padilha, é um dos poucos exemplos de que a segunda parte de um sucesso, pode ser ainda melhor do que a primeira. Apesar das cenas sanguinárias, dos palavrões, o segundo roteiro mostrou-se um tapa na cara da sociedade carioca. Não são poupados nenhum dos lados - o crime organizado e a polícia corrupta - e fatos reais, são referidos em meio a trama. A destreza excepcional de Padilha cala aqueles que "entendidos" do contexto da realidade do Rio de Janeiro, colocando cara a cara as mazelas da desestruturação policial, a criminalidade e etc. O perigo é a promoção de tais problemas, fazendo com que estes transformem-se em blasés, algo que não tem reversão, ficando superficial, mais pop que antes. Mas isso, com certeza, não é o objetivo da coragem e do foco cinematográfico do diretor.
Agora vamos ao Felini Brasileiro. É assim que agora podemos nos referir ao jornalista e cineasta Arnaldo Jabor. "A Suprema Felicidade", filme erótico, beirando ao trash, é a cara deste autêntico rebelde com causa. Jabor, através de um livro de memórias, faz lembranças serem entremeadas com uma sublime singeleza. Transcedência das pornô-chanchadas, sim porque não é por causa da forte presença do nu, da sexualidade, que a trama deixou de se fazer conceitual, tanto em termos de roteiro, quanto em termos cinematográficos. Não se pode comparar algo feito com capricho, bom texto, boa trilha sonora, com outras películas que tiveram seu auge na década de 70, ajudando a desenvolver o cinema nacional na época da Ditadura Militar. Que mesmo atraindo milhares de espectadores, primava por um estilo comercial oriundo das comédias italianas.
A conclusão desta análise pode ser resumida assim: sendo pop ou conceitual, focado em uma realidade cruel ou em algo quase autobiográfico, os dois exemplos elencam produções audiovisuais nacionais preparadas para uma distribuição mundial e com qualidade que satisfaz a muitos.