segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Não se pode ter tudo


Tarefas domésticas, cuidar dos filhos, livros para ler ou o jornal essencial para a atualização diária, o corre-corre de norte a sul pelas ruas da cidade para se chegar ao fadado destino: o pão de cada dia, o trabalho. Esta é o roteirto que poderíamos apropriá-lo a uma pessoa dita normal. Sim, essa é vida daquele indivíduo classificado como comum, o exemplo de ser rotulado como mortal e dentro dos padrões que esperamos para se ter o mínimo de sobrevivência.
A Humanidade, muitas vezes, galga para um destino incerto, paradoxial e como diz a frase: A vida não é complicada, o homem que a complica. Quando se vê uma criança, claro antes desta ter um mínimo do discernimento do mundo, o que se mostra é uma figura desprovida de qualquer uma destas "tarefas" que atribuímos com o passar do tempo. Meu pai diz que elas são como um HD vazio de um computador, pronto para receberem dados e agir. Interessante, senão irônica esta comparação. Por que temos de deixar nossa pura ignorância infantil e aceitar passivamente responsabilidades, scripts formulados como condição de se estar aqui e em sociedade?
Simone de Beauvoir, escritora fracesa, em sua obra "Todos os homens são mortais", imprime no personagem Raymundo Fosca, sujeito que tem a chance e torna-se imortal, a angústia de parecer que se tem tudo, mas que na verdade, não se tem nem a consciência de si mesmo. Fosca vive momentos marcantes para a Humanidade e conhece muitos homens importantes durante seus vários séculos de vida e a conclusão que chega ao perceber a sua impotência de ser um imortal, que não o diferenciava dos outros, é a de que vivemos sem ter um sentido original em nossas trajetórias pelo mundo, como se ao nascermos recebecemos um livro já escrito e não páginas em branco para que possamos escrevê-las.
Talvez essa seja a explicação para se encontrar tantos indivíduos acomodados, moribundos, reclamando de um dos chinelos virado ao contrário no pé da cama e principalmente de sua conta bancária. O sujeito lá, com sua caneca de café forte para espantar o sono, no trabalho mecânico diário ou encostado em um sofá vendo televisão e comendo seu fast-food pingando em gordura. Ele não pode olhar para si mesmo, nem um só momento, é proibido. Não pode porque no âmago deste ser informatizado, com o emprego mais ou menos, dado à alguns luxos pelo aumento de seu "estresse salarial", o seu íntimo desconhecido o fará verter uma lágrima de emoção dos olhos, que se ele a percebesse, ahh Meu Deus! seria a sua salvação.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A Fé que move montanhas

Nunca parei para pensar fielmente em crenças e na minha fé. Mas acontecimentos de agora me revelaram um cenário para repensar o trato que se deve levar e ter na vida em relação ao que não podemos ver, o que nos parece fantástico, o divino.
Minha reflexão começou com a chegada em Miguel Pereira, minha cidade natal, onde cresci e posso dizer que fiz minhas melhores amizades e tive as mais importantes experiências da minha existência. Sempre que estou por aqueles cantos, eu vou as palestras do centro espírita Luiz Gonzaga. Um lugar muito auspicioso - pegando carona nas Índias- , um lar de muita paz, onde eu conheci um homem digno de ser santo, o Zé Carlos. Bom, a sessão desta semana foi especial, com o tema "família" em questão. Aproveitei o momento para pedir por uma prima internada.
No segundo dia, conversei muito com um amigo, que como dizem, é "raspado no santo", sobre o cardecismo e de religião de uma maneira geral. Como aquela conversa contribuiu para as minhas reflexões, pude perceber que na verdade minha ligação com o divino é algo tão pouvo aprofundado em meu interior, como eu lido de maneira rasteira com a minha fé.
Pois é, não se pode negar que a juventude nos faz ser pouco atentos em evoluir espiritualmente. Talvez seja pelo fato de termos em nosso sangue um idealismo de imortalidade, ou porque tudo agora nesse mundo resolveu virar blasé mesmo. Sim, porque até a própria morte passa despercebida por nós.
Enfim, essas palavras são de certa forma uma homenagem a aquela minha prima internada que veio a falecer no dia de hoje. Ela também frequentava o Luiz Gonzaga e sempre foi um exemplo de ligação com Deus para toda família. Não estou de luto por ti Da Graça, como era chamada, pois sei que você foi em paz e serena.E na verdade, estou feliz por ver tantos aqui, pobres mortas, lembrando de ti de forma tranquila.Saudosos, mas com a alegria de suas lembranças.
Esteja em paz sempre, querida.