terça-feira, 27 de outubro de 2009

Abjeto

Praça Saenz Penna, Tijuca, Rio de Janeiro. O vai e vem dos transeuntes por aquele lugar é frenético, não se pode designar em um estalo o destino de qualquer sujeito. Os estudantes, os advogados, professores, o pessoal frequentador assíduo de um tipo de coreto encardido, etc...
Naquela confusão urbana, os compromissos tomam cada um e o tempo destes é meio que irrelevantemente ocupado. Mais em uma das saídas do metrô, a senhora, aparentemente sadia, fuma o seu cigarro sentada nas escadas e parece somente observar os passantes. Não espera ninguém e sempre apenas na companhia da solidão, ela fica à destinar seu olhar ao indeterminado.
Meses depois.... A saída do metrô durante à tarde, no frenesi do horário do "rush", tem em sua proximidade uma marca fétida no chão que apenas é rodeada por guimbas de cigarros e um pedaço de papelão. É à noite que aquele espaço repulsivo é apropriado por uma mulher de idade avançada, com seus cabelos brancos, de magreza evidente e suas roupas sujas e rasgadas que a fazem se confundir com o chão de baratas e ratos da urbes.
O destino foi cruel com aquela senhora. Talvez sim, talvez não. Sem nome, indigente, ela agora havia se transformado no exemplo mais consistente do que se pode chamar-se de abjeto, aquilo que é indigno e desprezível. Mas mesmo nesta situação ela continua com seu olhar indeterminado e com um toque de arrogância em seus gestos.
Uma mulher comum que se figurou em uma mendiga, um ser parte da parte obscena da cidade, aquilo que não se vê, tampado pelo véu da invisibilidade. A única garantia que poderia salvá-la seria o voyerismo de quem passa ali e a vê de uma forma quase que espetacular. O que essa mulher fez, qual passo em falso deu para estar assim, não se sabe. Esse ser agora é repleto de pena e indiferença.

sábado, 3 de outubro de 2009

Que se faça o milagre


Dois de outubro de 2009 eternizado pelos brasileiros, em particular pelos cariocas. Foi neste dia que recebemos a notícia vinda da capital da Dinamarca, Copenhague, que o Rio de Janeiro, daqui a sete anos se transformará no palco do mundo fantástico do esporte com as Olimpíadas de 2016. Será?
Pois é, a alegria foi contagiante com o resultado da votação que reuniu possíveis sedes para os jogos olímpicos: Chicago, Tóquio, Madri e Rio de Janeiro. Nesta exata ordem as cidades foram eliminadas uma por uma, até que o desfecho ficou por conta da decisão entre Madri e o nosso Rio. Disputa acirrada, já que a capital espanhola apresentou um plano de suporte para os jogos com mais de 80% da infra-estrutura necessária pronta. Mas como a esperança é a última que morre e o ditado que rege o povo brasileiro é não desistir nunca, ao final daqueles minutos infindáveis, exatamente às 13:51 o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou a o esperado: seremos nós os anfitriões das Olimpíadas de 2016. Foi uma lavada, ganhamos de 66% dos votos contra apenas 32% para Madri.
Agora vem a pergunta: Quais serão os próximos passos? O dever do governo brasileiro, nos âmbitos federal, estadual e municipal é a união para cumprir as exigências postuladas pelo COI e principalmente, promover o crescimento em todas as áreas- saúde, segurança, transporte, emprego,dentre outros- da cidade maravilhosa. Buscar inspiração no sentimento que não pára e nos sorrisos genuínos do povo e fazer acontecer um espetáculo esportivo, que lembramos, o primeiro realizado na América do Sul.
E para aqueles que se mostram contra os jogos, apontando com os dedos em riste os nossos problemas crônicos, como a miséria e a violência, fica o recado: Caros amigos, começar a ver essa conquista, que é de todo o Brasil, com a face do pessimismo não adianta nada. O dever do povo é cobrar e cobrar para que possamos ter a lembrança de evolução como legado dos jogos. Que a enrgia que explodiu na praia de Copacabana ontem contagie à todos nós. Vivam essa paixão!